Câmbio: Real x Dólar


Olá!

Em nosso país, o mercado de câmbio compreende as operações de compra e venda de moeda estrangeira e de ouro realizadas por instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil. É possível tratar as moedas e o ouro como parte de uma carteira de investimentos visando uma proteção à volatilidade, entretanto, isto por si só não gera valor, pode limitar retornos de longo prazo e apresenta custos. Além disso, dificulta a ideia de simplificar a prática dos investimentos porque é preciso entender mais sobre o contexto político-econômico nacional e internacional para avaliar quando o câmbio está caro ou barato.

Então, quem necessitaria operar câmbio? Pessoas que pretendem viajar para outro país a passeio, a trabalho, fazer um intercâmbio, um curso de curta duração, uma pós-graduação ou morar fora em definitivo. Além dos gastos durante a permanência, o dinheiro estrangeiro pode ser utilizado para comprar produtos a serem trazidos de volta ao Brasil ou até mesmo imóveis lá fora, como vem se tornando uma prática cada vez mais comum entre os brasileiros de maior poder aquisitivo que investem nos Estados Unidos.

É importante destacar o dólar americano porque segundo estimativas de novembro de 2016 do Ministério das Relações Exteriores, mais de um milhão e quatrocentos mil brasileiros moravam nos Estados Unidos, o que representava 45,7% das comunidades brasileiras pelo Mundo. Desta forma, em caso de necessidade por dólares, caberá a você se planejar para obter a quantidade necessária para atingir os seus objetivos.

Há três formas de se expor ao dólar que vão além de uma simples operação de câmbio, atrelando de maneira controlada parte do resultado dos investimentos à moeda norte-americana. A primeira opção é, a partir do Brasil, abrir uma conta em corretora diretamente nos Estados Unidos para desfrutar de um amplo mercado diversificado e bem mais líquido, porém, é mais trabalhoso. A segunda alternativa são os Brazilian Depositary Receipts – BDRs, que permitem a compra de produtos norte-americanos na B3, por intermédio de uma corretora brasileira, sem a necessidade de pagar pela remessa de recursos ao exterior. A terceira escolha possível é também operar pela B3, como qualquer outro código, a compra dos ETFs IVVB11 ou SPXI11, fundos de investimento passivos, que cobram, respectivamente, 0,24% e 0,27% ao ano para refletir o índice S&P 500, do mercado de ações dos Estados Unidos.

Agindo de uma das formas apresentadas você estará se expondo à variação cambial entre o Dólar e o Real ao mesmo tempo em que produzirá valor ao dinheiro, devido aos rendimentos recebidos pelos produtos comprados, seja por meio dos juros ou dos lucros.


Real x Dólar


A simples comparação entre o Real e o Dólar é insuficiente para justificar as operações de câmbio. O consumo de produtos fabricados nos Estados Unidos pelos brasileiros já está inserido nos índices de inflação. Ainda que o seu gasto anual em dólares seja acima da média você acabará perdendo dinheiro se resolver comprar ou investir com o câmbio a qualquer preço.

De julho de 1994 (início do Plano Real) até setembro de 2018 o dólar saiu de R$ 0,90 para R$ 4,04. Neste mesmo período, se esses R$ 0,90 fossem corrigidos pela inflação, o montante seria de R$ 5,33, ou seja, daria para comprar 32% a mais hoje utilizando o Real. Já se a correção fosse pela Taxa Selic, o total alcançaria R$ 48,56, ou seja, 1.102% a mais do que o investimento em dólar.

Isso não significa dizer que você deve investir hoje em Taxa Selic que o seu resultado será muito superior ao dólar no longo prazo porque vivenciamos momentos com taxas de juros extremamente elevadas no Brasil, quando a meta da Selic chegou a ultrapassar os 40% anuais. Apenas observo que essa taxa rende acima da inflação porque tem como principal objetivo controlá-la, mas com conhecimento, mesmo na Renda Fixa é possível obter rendimentos médios superiores à Taxa Selic ao longo dos anos.

No longo prazo, apreciando grosso modo, o câmbio entre o Real e o Dólar acaba orientado pela relação entre a inflação brasileira e a norte-americana. Assim, o Real tende a se desvalorizar devido a nossa maior inflação, entretanto, você observou que simplesmente comprar dólar é desvantajoso como investimento financeiro. Reflita sobre as suas reais necessidades e analise bem como proceder, de acordo com o que foi detalhado aqui sobre câmbio.

O dólar oscila mais no Brasil quando o país passa por incertezas locais ou internacionais, como é o caso de eleições ou crises políticas e econômicas, entretanto, nunca se trata de desvalorizações indefinidas do Real, sempre há alguma reversão após esses períodos. Colocar o dólar na carteira é possível, mas muitas vezes ele tem um caráter muito mais especulativo do que de investimento de longo prazo, por isso pode ser evitado pelos investidores, principalmente por aqueles que ainda estão no início do percurso.

Breno Medeiros

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