Como Renegociar Dívidas em Atraso
Olá!
Para renegociar as
dívidas em atraso é preciso fazer um levantamento inicial do total de quanto se
está devendo. Isso porque desde quando você passou para a categoria de
inadimplente a sua dívida possivelmente aumentou por causa dos custos da quebra
do contrato firmado no começo. São as multas, os juros, as correções monetárias
e os honorários advocatícios.
É importante se
dirigir presencialmente, pelo telefone ou pela Internet a cada um dos credores
para solicitar um resumo sobre a situação atual das suas dívidas. Você deve
conhecer e em caso de dúvidas questionar sobre o valor do empréstimo concedido
e o Custo Efetivo Total inicial; o número de prestações e o total já pago; o
número de prestações e o total da dívida em atraso, considerando o detalhamento
dos custos; o número de prestações ainda não vencidas; e o montante, caso a
dívida seja quitada na presente data, com informações sobre os juros e qualquer
outro custo.
Deixe claro para os
credores que você está fazendo um levantamento inicial das suas dívidas e que
pretende iniciar um processo de renegociação em breve. Entretanto, guarde
segredo sobre o valor que tem disponível mensalmente para o pagamento total de
suas dívidas. Informe que está estudando as possibilidades e que priorizará os
credores que oferecerem os maiores descontos sobre o total das dívidas e sobre
as taxas de juros, o que de fato será verdade, caso haja uma grande vantagem.
De todo modo
solicite uma proposta para regularizar o empréstimo e outra para a quitação
total da dívida com desconto. Mesmo que você não tenha dinheiro suficiente para
o pagamento à vista é importante fazer o segundo pedido. Caso haja uma boa
oferta, isto servirá de barganha para renegociar o pagamento parcelado. Você
poderá até se surpreender e já ter os recursos para pôr o empréstimo em dia ou
quitá-lo a partir da venda de algum objeto de valor, utilizando o 13º salário,
as férias ou outros valores acumulados.
Após este primeiro
contato com os credores já é possível começar a estudar as estratégias e as
atitudes necessárias para a organização das suas dívidas. Insira os valores dos
montantes na Planilha de Planejamento e Controle Orçamentário (disponibilizada
em 04 de fevereiro de 2019). Isso deve ser feito na parte das Dívidas Totais,
separando as dívidas adimplentes (das linhas 150 a 155), das dívidas
inadimplentes (das linhas 158 a 163). Como você está em processo de
renegociação os valores ainda poderão ser alterados, entretanto, a planilha já
vai calculando o somatório de todas as dívidas.
Você também poderá
simular o pagamento de prestações mensais referentes a todas as dívidas
acordadas de uma vez, utilizando a mesma planilha, das linhas 35 a 40,
verificando, inclusive, quanto é desembolsado nos meses posteriores e quando
cada dívida será quitada. Caso os valores fiquem abaixo do seu limite de
pagamento, contenha a euforia, pois ainda poderá haver margem para a redução
nos valores dessas dívidas. Por outro lado, se as possíveis prestações
extrapolarem muito a sua capacidade orçamentária, talvez seja necessário
priorizar o pagamento por partes, começando pelas dívidas que possuem juros
maiores.
Apenas faço uma
ressalva para dívidas que possuem juros impagáveis e que foram carregadas ao
longo do tempo. Se a sua dívida já dobrou ou triplicou em relação ao valor
inicial busque uma redução substancial superior à metade ou uma aproximação ao
crédito inicial. Caso contrário parta para o pagamento de outra dívida. Não
adianta ficar alimentando uma bola de neve que não terminará nunca apenas
utilizando a lógica de que é a dívida com a maior taxa de juros. Se a dívida é
impagável, simplesmente não a pague neste momento. Você não vai ficar
inadimplente para sempre. Estará apenas buscando uma condição justa.
Agora reflita bem
antes de tomar esta atitude. Essa orientação não vale para uma dívida menor,
que você possa pagar toda de uma vez, pois se adiar a liquidação estará sendo
criado outro problema para o futuro, quando ela tomará uma proporção realmente
impagável. Por exemplo, você utilizou um crédito de R$ 30 ou R$ 50, essa dívida
triplicou para R$ 90 ou R$ 150 e o banco não quer renegociar. Se você tiver
condições, é mais prático pagar logo e tomar uma lição de que os juros das
dívidas se multiplicam de forma muito rápida.
Levantadas as
dívidas que você pretende renegociar e analisadas do ponto de vista do seu
orçamento, é o momento de voltar a procurar os credores para fechar um novo
acordo. Não priorize “prestações que caibam em seu bolso”. Isso poderá
significar taxas de juros maiores e passar mais tempo pagando empréstimos. O
objetivo é ser responsável e tentar sair quanto antes da situação de dívidas
para poder voltar a organizar o orçamento pensando em outras prioridades para o
presente e em novos objetivos para o futuro.
Busque utilizar o
limite mensal estabelecido em seu orçamento, pagando a menor taxa de juros e no
menor tempo possível. Caso você não tenha acesso aos juros menos caros, como
parâmetro para a renegociação, não aceite pagar nada superior a 6% ao mês,
considerando o Custo Efetivo Total e evite ultrapassar o limite de 24
prestações. Para você ter uma ideia, uma dívida de R$ 20.000,00, renegociada a
uma taxa de 6% ao mês, em 24 meses, teria uma prestação fixa de R$ 1.593,58. Ao
final de dois anos seria pago R$ 38.245,92, ou seja, 91,2% a mais que o valor
inicial renegociado.
Já uma dívida igual
renegociada em 8 anos com a mesma taxa de juros teria uma prestação mais baixa,
de R$ 1.204,48. Mas observe que apesar de 8 anos equivaler a quatro vezes o
período de 2 anos, a diferença entre os valores das prestações ficou
relativamente próxima. Entretanto, ao final dos 96 meses as prestações pagas
totalizariam R$ 115.630,10, ou seja, 478% superior aos R$ 20.000,00 do crédito
inicial. Por isso, tenha muito cuidado com a taxa e com o tempo. Atente,
também, para nunca assinar nada antes de compreender exatamente o que está
prestes a acordar.
Breno Medeiros
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que proporcionem uma conversa saudável sobre o universo financeiro terão
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