Um exemplo da escassez do dinheiro
Olá!
Imagine que ao
longo de certo período alguém tenha acumulado o montante de R$ 3.180.000,00. Este
valor seria o suficiente para uma pessoa viver pelo resto da vida com um
salário de R$ 10 mil corrigidos pela inflação, investindo em Renda Fixa.
Entretanto, o que aconteceria se essa pessoa deixasse de trabalhar e passasse a
manter um padrão de consumo de R$ 20 mil mensais? Ainda que o montante
continuasse sendo investido em Renda Fixa, após 18 anos e 4 meses ela teria
zerado todos os seus recursos financeiros.
Mas o que daria
errado? Como seria possível acabar com mais de R$ 3 milhões gastando “apenas”
R$ 20 mil por mês? Pois é, ainda que haja investimentos corretos, sem
planejamento e gestão pode ser somente uma questão de tempo até o dinheiro
esgotar! Num primeiro momento o planejamento pode até ter ocorrido de forma
correta. Entretanto, muito dinheiro não significa que ele seja infinito, a
ponto de ser negligenciado. Há pessoas que podem gastar mensalmente centenas de
milhares ou milhões sem comprometer o seu patrimônio, entretanto, elas precisam
de um suporte de dezenas ou de centenas de milhões investidos.
No exemplo
apresentado, a execução da independência financeira ocorreu de forma
equivocada. Se a pessoa mantivesse o seu padrão de consumo em R$ 10 mil mensais
a sua fortuna permaneceria corrigida pela inflação. Observe que até certo
limite de gastos o dinheiro seria consumido e a riqueza ainda cresceria:
digamos que desde o início da independência financeira o padrão mensal fosse de
R$ 5 mil; ao final dos 18 anos e 4 meses, mesmo com as retiradas, o montante
teria aumentado em quase 50% corrigidos pela inflação. Mas se ele quisesse
usufruir mais de R$ 10 mil mensais deveria ter encontrado formas de investir
que rentabilizasse melhor o dinheiro ou permanecer trabalhando por mais tempo
para acumular o bastante a ponto de manter o padrão de vida desejado.
Reflita por um
instante: se é possível esgotar mais de três milhões de reais devido à
negligência, o que dizer do orçamento de alguém que descuidou do passado e
continua com o mesmo comportamento no presente e provavelmente para o futuro? A
maioria dos brasileiros não sabe para onde está indo o dinheiro, não planeja
objetivos e antecipa todo tipo de consumo mediante o pagamento de juros. Nestes
casos, além de escassos, os recursos demandarão mais trabalho como
contrapartida.
É importante
planejar e estabelecer objetivos em todos os prazos, inclusive os longos, como
a independência financeira, porque os brasileiros estão vivendo cada vez mais.
No início dos anos de 1940 a expectativa de vida ao nascer era em média de
apenas 45,5 anos. Esse valor foi aumentando para 48 (1950), 52,5 (1960), 57,6
(1970), 62,5 (1980), 66,9 (1991), 69,8 (2000), 73,9 (2010), até chegar em 76
anos em 2018. As projeções também apontam que a nossa vida média ultrapassará
os 80 anos e que o número de idosos com mais de 60 anos dobrará até 2060,
representando pelo menos um em cada quatro brasileiros.
Você poderia até
contra-argumentar dizendo que nasceu numa dessas primeiras décadas e que não
terá mais essa expectativa de vida toda. Entretanto, já temos no Brasil dezenas
de milhares de idosos centenários, inclusive o meu avô Sebastião, que já possui
102 anos, quando a expectativa de vida de um homem brasileiro nascido na década
de 1910 era de 33,4 anos. Isso significa que ele já viveu mais de 200% esse
tempo médio. Por isso é importante planejar a qualidade de vida até o futuro,
começando pela definição do padrão de consumo no presente.
Entenda o orçamento
como algo limitado, onde será necessário realizar algumas escolhas de consumo
ao mesmo tempo em que se abre mão de muitas outras opções. Isso explica a
necessidade de preocupação constante com o quanto se recebe e como se gasta. A
definição de quanto você poderá utilizar por mês dependerá da renda proveniente
do trabalho e das propriedades, como imóveis, terrenos, empresas, direitos a
receber e capital investido. Essas propriedades comporão o patrimônio.
Breno Medeiros
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